A vereadora Monica Benicio, líder da bancada do PSOL na Câmara Municipal do Rio, protocolou nesta terça-feira (10), Dia Internacional dos Direitos Humanos, um pedido de revogação da Medalha Pedro Ernesto concedida ao ex-deputado estadual Natalino José Guimarães.
A ação ocorreu no plenário da Câmara no mesmo dia em que Guimarães foi preso em uma operação do Ministério Público contra a grilagem de terras em Búzios, na Região dos Lagos.
Guimarães, apontado como um dos chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste do Rio, recebeu a honraria em 2007, por iniciativa do então vereador Nadinho de Rio das Pedras, assassinado dois anos depois em um condomínio na Barra da Tijuca. À época, Nadinho era acusado de manter relações com milicianos da região.
Monica Benicio já havia liderado um esforço para revogar as medalhas de outros dois milicianos, Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, caso considerado o maior crime político recente no Brasil. A revogação ocorreu no início deste ano após amplo debate no plenário.
Segundo a parlamentar, sua atuação no enfrentamento às milícias é um dos pilares de seu segundo mandato. Durante a sessão, ela defendeu a importância de retirar nomes ligados ao crime da lista de homenageados da principal honraria concedida pela Câmara.
“É inadmissível que este parlamento seja conivente com o crime. A revogação de mais essa medalha não é apenas simbólica, mas uma afirmação de que a Câmara do Rio não se curva a máfias e milícias”, declarou Benicio, ao destacar a ligação da grilagem de terras com a atuação das milícias.
Medalha Pedro Ernesto
A Medalha Pedro Ernesto é a maior comenda da cidade do Rio de Janeiro, concedida a personalidades que tenham prestado relevantes serviços à sociedade. Benicio argumenta que, ao permitir que milicianos sigam entre os homenageados, o parlamento deslegitima o significado da honraria e fortalece práticas criminosas enraizadas nas estruturas do Estado.
A proposta de revogação será analisada pelas comissões responsáveis e seguirá para votação no plenário. Caso aprovada, Guimarães será o terceiro homenageado ligado a milícias a perder a comenda nos últimos anos.