Recentemente, a Meta, empresa chefe do Facebook, Instagram e Threads, anunciou uma grande mudança em seu sistema de combate à desinformação. A partir de 2025, ela substituirá seu programa profissional de checagem de fatos por um sistema de “notas da comunidade”, semelhante ao encontrado no X (antigo Twitter).
A começar deste ano, portanto, serão os próprios usuários os responsáveis por identificar e expor alegações falaciosas nessas plataformas, o que, como era de se esperar, gerou preocupação generalizada em diversos setores da sociedade. Muitos temem, afinal, o possível impacto dessa mudança na disseminação de informações imprecisas e propositalmente falsas no ambiente online.
Um experimento arriscado com a verdade
A decisão da Meta pode significar um ponto de virada para a responsabilidade das plataformas de rede social em relação à curadoria dos conteúdos nelas disponíveis. Ao confiar a tarefa de checagem de fatos à comunidade, a Meta corre o risco de amplificar as vozes dos usuários mais persuasivos ou persistentes em vez de priorizar a verdade baseada em evidências.
No Brasil, onde as redes sociais desempenham um papel central no acesso a notícias e informações, essa mudança é ainda mais preocupante. O país vivenciou em primeira mão os perigos da desinformação, que influenciaram desde assuntos relacionados à saúde pública durante a pandemia até as propostas políticas nas eleições presidenciais.
Sem supervisão profissional, o risco de notícias falsas se espalharem descontroladamente pela rede pode aumentar em larga escala, polarizando a opinião pública e minando a confiança em fontes confiáveis.
Por que as notas da comunidade podem ficar aquém do ideal
Embora a Meta argumente que a verificação de fatos feita pela comunidade promova maior participação dos usuários, os críticos destacam alguns riscos importantes nessa abordagem, como:
• Bolhas ideológicas – Os usuários geralmente se envolvem com comunidades com ideias semelhantes às suas, o que pode reforçar preconceitos em vez de desafiar a desinformação.
• Riscos de manipulação – Grupos coordenados podem explorar o sistema para promover narrativas falsas ou desacreditar informações legítimas.
• Falta de experiência – A verificação de fatos requer treinamento e acesso a fontes confiáveis – habilidades que a maioria dos usuários pode não ter.
Dicas para identificar fake news
Dada essa mudança de abordagem pelas redes sociais, é cada vez mais importante para os usuários conhecer técnicas para identificar informações falsas e se proteger. Abaixo estão algumas sugestões.
• Cuidado com os links suspeitos. Sites maliciosos com manchetes chamativas podem ser usados para atrair usuários e espalhar não apenas fake news, mas também malware. Alguns serviços de VPN do Brasil fornecem proteção contra essas páginas com verificadores de sites maliciosos que podem ajudar a proteger contra possíveis golpes do tipo.
• Verificar a fonte. É importante buscar veículos confiáveis com histórico de precisão em suas reportagens. Deve-se ter cuidado especialmente com sites desconhecidos com manchetes sensacionalistas.
• Comparar alegações. É recomendável comparar as informações com outras fontes confiáveis, especialmente se essas parecerem surpreendentes ou controversas demais.
• Examinar as evidências. Artigos confiáveis citam fontes e fornecem evidências. É preciso tomar cuidado com notícias sem referências ou que dependem muito de anedotas.
• Não cair em conteúdos virais. A desinformação em geral se espalha rapidamente. Só porque algo tem muitas curtidas ou compartilhamentos não significa que seja verdade.
• Usar sites de checagem de fatos. Plataformas como Aos Fatos e Agência Lupa são especializadas em desmascarar alegações falsas da internet.
O desenrolar das mudanças nas políticas da Meta ainda é um horizonte incerto. No entanto, uma coisa já fica clara: a responsabilidade pela verdade nas redes sociais estará cada vez mais nas mãos de seus usuários. Resta apenas esperar que eles estejam prontos para esse desafio.