Após o alerta de que a cidade de São Gonçalo registrou um tremor de terra de magnitude 2.0 na Escala Richter, na tarde desta quarta-feira (12), um sinal de alerta foi ligado e gerou medo e preocupação entre alguns moradores da região. Apesar do fenômeno, o grau registrado não leva perigo ou risco para a população, segundo os especialistas.
Com isso, muitas perguntas e dúvidas começaram a vir à tona entre os moradores de São Gonçalo. Para sanar as dúvidas da população, o ENFOCO conversou com Márcia Nunes, presidente da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) do Núcleo Rio de Janeiro/Espírito Santo, que deu detalhes exclusivos sobre o assunto.
Segundo a especialista, diversos fatores podem contribuir para a ocorrência de sismos em um país. Entre eles, destacam-se a tectônica de placas, com maior impacto e atuação, e em menor escala, atividades humanas associadas à construção de grandes infraestruturas e processos de mineração.
A presença de falhas geológicas e outros processos que podem alterar a pressão nas rochas subterrâneas também são causas importantes de tremores.
Apesar do susto, Márcia destacou que o registro de 2.0 na Escala Richter registrado em São Gonçalo não leva perigo para a população.
“Tremores de pequena magnitude são relativamente comuns no Brasil. A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) registra aproximadamente 10 tremores com magnitudes inferiores a 2.5 na Escala Richter por dia. Esse tremor registrado não causa nenhum tipo de impacto ou danos a população, mesmo no caso de uma cidade de grande porte como São Gonçalo”, explicou.
Ainda de acordo com a especialista, a explicação mais plausível para o tremor registrado nesta quarta é em relação à ativação de falhas geológicas.
Essas estruturas são comuns em todo o território brasileiro e, quando ativadas em função de um processo natural de acomodação, liberam a energia que é detectada pelos sismômetros. Entretanto, devido à sua baixa intensidade, esses tremores raramente são sentidos pela população”
Ao ENFOCO, Márcia detalhou as medidas de magnitude e quais tipos de risco podem levar para a população.
Sismos menores que 2.0
Impacto: Não sentido, mas registrado por sismógrafos.
Descrição: Tremores pequenos que geralmente não causam preocupação.
2.0 – 3.5
Impacto: Geralmente não sentido.
Descrição: Pequenos tremores que podem ser detectados por instrumentos, mas raramente são notados pela população.
3.5 – 4.5
Impacto: Sentido, mas raramente causa danos.
Descrição: Tremores que podem ser percebidos por pessoas, especialmente se estiverem em um ambiente tranquilo.
4.5 – 5.5
Impacto: Sentido por muitas pessoas; danos menores.
Descrição: Pode causar movimento de móveis e barulhos de objetos caindo; pode causar danos leves a estruturas precárias.
5.5 – 6.5
Impacto: Pode causar danos moderados em áreas urbanas.
Descrição: Tremores fortes que podem danificar edificações mal construídas e causar ferimentos.
Acima de 6.5 até 8.0
Impacto: Danos significativos em áreas urbanas; potencial para destruição em regiões próximas ao epicentro.
Descrição: Forte potencial de causar danos severos a edifícios e infraestrutura.
8.0 ou maior
Impacto: Destruição massiva em regiões amplas.
Descrição: Terremotos extremamente potentes que podem devastar cidades inteiras e causar perturbações significativas em larga escala.
Terremoto vira assunto em São Gonçalo
Nesta quinta, no dia seguinte após o tremor registrado em São Gonçalo, o ENFOCO foi até as ruas da cidade para saber o que a população tem a dizer sobre o assunto.
No movimentado bairro de Alcântara, onde o comércio fervilha e as ruas vivem cheias, a comerciante Ciara Cândido encarou a notícia com bom humor.
“Não fez nem cosquinha. O que treme aqui em Alcântara são as fofocas, as confusões”, brincou.
Já para a vendedora ambulante Sandra Ramos, que trabalha há nove anos na região, o impacto veio mais pelo susto do que pelo tremor em si.
“Fiquei sabendo pela reportagem. O Brasil é dado como um país ‘tranquilo’, e de uma hora para a outra receber essa notícia na nossa cidade, causa medo e deixa qualquer um assustado. Tomara que isso não aconteça mais”, disse.
O tremor não causou danos estruturais nem foi sentido pela maior parte da população gonçalense. Para os moradores, o que continua sacudindo a cidade são mesmo as rotinas agitadas e as movimentações do dia a dia.