Moradores do Jardim Catarina, o loteamento mais populoso de São Gonçalo, receberam com ceticismo o anúncio feito nesta segunda-feira (17) pelo governo do estado sobre o início da operação “Barricada Zero”. A ação tem como objetivo remover obstáculos instalados por grupos criminosos em vias urbanas.
O bairro será o primeiro a receber as equipes. Em diversas áreas da região, ruas inteiras estão bloqueadas, dificultando a circulação de moradores, comerciantes, serviços públicos e transporte. Na última semana, uma ação de fiscalização ambiental com apoio de blindados e forças de segurança já havia sido realizada no local, o que resultou no fechamento temporário de escolas, postos de saúde e alterações no funcionamento do comércio.
Maria dos Anjos, moradora de 57 anos, afirma que ações semelhantes já foram anunciadas anteriormente sem resultados duradouros.
“Aqui no bairro a gente não vê presença constante do poder público. O direito de ir e vir é prejudicado, e nos últimos anos as barricadas só aumentaram”, relatou.
Outra moradora, que preferiu não se identificar, também manifestou preocupação com possíveis confrontos durante as operações.
“Nessa época a gente já fica apreensiva. Tenho filhos que trabalham e estudam, e o medo aumenta. Quando me mudei para cá não era assim. Hoje precisamos redobrar a atenção”, disse.
Além de São Gonçalo, outras 11 cidades serão atendidas na primeira etapa: Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaboraí, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti e Rio de Janeiro.
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), quase 14 mil barreiras foram mapeadas na Região Metropolitana. De acordo com o governo, 13.604 pontos já foram confirmados por drones e incursões policiais, número que pode ser ainda maior.
A operação será coordenada por quatro secretarias — Meio Ambiente, Infraestrutura, Cidades e Agricultura — responsáveis pela retirada de entulhos, pedras, trilhos, carros incendiados e outros materiais usados como bloqueio. As polícias Militar e Civil darão suporte na segurança das equipes.
O governo afirma que o objetivo é garantir a circulação segura e melhorar o acesso dos moradores a serviços essenciais. Segundo a gestão estadual, as barricadas não impedem conflitos armados e, em muitos casos, são pontos de disputa entre grupos criminosos.
Para auxiliar o mapeamento, o Disque Denúncia disponibilizou um canal exclusivo para relatos de vias bloqueadas. As denúncias podem ser feitas pelos números (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177, via WhatsApp no (21) 2253-1177, ou pelo aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.
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