Zoraya ter Beek, de 28 anos
A holandesa Zoraya ter Beek, de 28 anos, teve seu pedido de eutanásia aprovado na semana passada na Holanda. Ela sofre de depressão crônica, ansiedade, transtorno de personalidade e Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deve passar pelo procedimento ainda este mês.
Em tese, a eutanásia é a interrupção deliberada de uma vida para aliviar um determinado sofrimento, causado por doenças incuráveis ou dolorosas. A decisão costuma gerar debates sobre questões éticas e morais.
Ter Beek não possui uma condição terminal, mas optou pela eutanásia após concluir que não tinha mais condições de viver normalmente. Em entrevista ao The Free Press, ela relatou que já passou por diversos tratamentos, incluindo psicoterapia, medicação e mais de 30 sessões de eletroconvulsoterapia (ECT).
Ter Beek explicou que tinha a ambição de se tornar psiquiatra, mas sua condição a impediu de seguir essa carreira. Ela disse que não sente mais vontade de viver, mesmo estando em um relacionamento saudável e morando com seu namorado e dois gatos.
Ela também revelou que, quando mais jovem, pensou em tirar a própria vida, mas o suicídio de uma colega de escola, o medo de uma morte violenta e o impacto nos parentes a afastaram dessa ideia. Agora, ela está decidida a seguir em frente com a eutanásia.
Em entrevista ao The Guardian, ter Beek contou que seus distúrbios começaram na infância e que parou o tratamento de ECT em 2020, pois não via melhora. Ela afirmou ter explorado todas as alternativas com um psiquiatra, que concluiu não haver mais nada a ser feito para tratá-la.
”As pessoas pensam que quando se está mentalmente doente não se consegue pensar direito, o que é um insulto. Compreendo os receios que algumas pessoas com deficiência têm sobre a morte assistida e as preocupações com o fato de as pessoas estarem sob pressão para morrer. Mas na Holanda já temos esta lei há mais de 20 anos. Existem regras muito rígidas e é muito seguro”, enfatizou.
Procedimento aprovado por lei
Segundo o jornal britânico, a lei holandesa, aprovada em 2002, permite o procedimento de morte assistida para pessoas em “sofrimento insuportável, sem perspectivas de melhoria”, desde que estejam plenamente informadas e competentes para tomar a decisão.
O processo para a eutanásia é complexo e há uma longa lista de espera devido à falta de médicos dispostos a realizar o procedimento em casos de sofrimento mental.
Ter Beek explicou que, no dia marcado, os médicos irão à sua casa, onde ela será sedada e depois medicada para que seu coração pare aos poucos. Seu namorado estará presente e terá a liberdade de sair no momento da morte.