Enchente no Boa Vista, em São Gonçalo, no ano passado
A recente pesquisa conduzida pela Associação Civil Casa Fluminense gerou um alerta para problemas futuros que cidades na Região Metropolitana do Rio podem enfrentar, como enchentes e deslizamentos. São Gonçalo e Niterói estão no ranking.
O ENFOCO procurou o Governo do Estado para entender quais são os planos estabelecidos pela atual gestão que podem precaver futuras tragédias em todo o estado do Rio.
Leia+: Niterói e São Gonçalo no ranking do ‘perigo das inundações’
A Secretaria de Estado de Defesa Civil do Rio de Janeiro (Sedec-RJ) é o órgão central do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil, responsável por planejar, coordenar e promover ações visando à proteção global da população no Estado do Rio de Janeiro.
O objetivo é evitar riscos e minimizar os impactos de desastres, tendo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro como principal órgão de atendimento a acidentes e emergências. Assim, a Sedec-RJ atua da prevenção até a resposta, incluindo reconstrução pós-desastre.
Atuação junto aos municípios
A Defesa Civil do Estado realiza um trabalho junto aos 92 municípios fluminenses a fim de antecipar e evitar possíveis situações de risco e também preparar as prefeituras para agir em caso de desastres naturais.
Os agentes da Sedec-RJ se dividem em onze coordenadorias regionais, atuando de forma individualizada em cada localidade, de acordo com as particularidades de cada região.
“Nos meses que antecedem o Verão, são realizadas visitas técnicas, vistorias, seminários, capacitações e simulados junto às Defesas Civis municipais”, informa em nota.
Com base nos relatórios realizados, a Sedec-RJ diz que disponibiliza uma série de recomendações para os gestores municipais, com sugestões de políticas públicas, ações e boas práticas para uma administração voltada para a redução de riscos de desastres.
“Mapas de suscetibilidade são criados pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Defesa Civil, com apoio do Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, a fim de identificar as áreas do Estado com maior probabilidade de inundações, alagamentos e deslizamentos de terra, para adoção de medidas preventivas”, esclarece.
Além disso, equipes de meteorologistas, geólogos e hidrólogos da Sedec-RJ revelam que acompanham, 24 horas por dia, as condições climáticas e os níveis pluviométricos em todo o território fluminense, enviando alertas de risco para os municípios, quando necessário.
A Secretaria também orienta os gestores públicos quanto à emissão de avisos para a população, em casos de chuvas fortes ou persistentes, rajadas de ventos, raios, ameaças hidrológicas ou geológicas.
Plano de contingência municipal
A fim de otimizar a condução de possíveis situações de crise, tornando mais eficientes as reações dos municípios às emergências, a Defesa Civil Estadual oferece para as prefeituras um modelo de Plano de Contingência.
O documento traça protocolos e identifica responsabilidades, orientando o que deve ser feito por cada agência/órgão em cada estágio de um desastre, visando à volta à normalidade, minimizando impactos para a sociedade, para o meio ambiente e para a economia.
O Plano de Contingências estabelece o fluxo operacional a ser seguido em cada caso, desde o monitoramento meteorológico até o acionamento de estruturas de suporte, visando ao restabelecimento de serviços essenciais.
Ele tem vigência de 12 meses, é formulado com base em uma extensa análise de cenários de risco e na gestão inteligente de recursos, de forma articulada, entre os órgãos municipais, estaduais e federais.
Sistema de Alerta e Alarme
A Secretaria de Estado de Defesa Civil gerencia um importante sistema de alerta e alarme composto por avisos via SMS e por sirenes – que são instaladas em locais estratégicos do Estado.
Funciona assim: os técnicos monitoram, 24 horas por dia, radares que registram dados sobre o clima. Se forem identificados riscos de precipitações intensas com raios, ventos fortes, ameaças de inundações ou deslizamentos, mensagens via SMS são enviadas para as prefeituras e para a população.
Em casos de maior gravidade, quando é preciso desocupar áreas de alto risco, os alto-falantes são acionados para alertar os moradores.
Nesse momento, os agentes da Defesa Civil entram em ação, orientando as pessoas a deixarem suas casas, em segurança, e seguir para os pontos de apoio já conhecidos.
Hoje, o Sistema de Monitoramento, Alerta e Alarme de Desastres Naturais conta com 202 sirenes e 70 pluviômetros mantidos pelo Governo do Estado, em apoio aos municípios.
“Está em andamento a ampliação do Sistema de Monitoramento, Alerta e Alarme, com aquisição de 80 novos pontos de sirenes e pluviômetros, que deverão ser distribuídos, com base em análise de demandas apresentadas pelos municípios”.
Exercícios simulados
Todos os anos, a Defesa Civil Estadual e o Corpo de Bombeiros RJ Sedec-RJ realizam uma série de simulados que recriam situações hipotéticas de chuvas intensas, com consequentes deslizamentos e inundações, para colocar à prova todo o processo de preparação e resposta a um desastre.
Só em 2023, foram 96 exercícios testando a mobilização de moradores de áreas de risco; da comunidade escolar, incluindo estudantes, professores e funcionários; e de pessoas com deficiência, segundo o Governo do Estado.
As atividades simulam o monitoramento das condições climáticas pelos agentes, o envio de alertas por SMS, o acionamento das sirenes, a montagem dos pontos de apoio e o atendimento à população. As ações também têm como objetivo aprimorar a integração entre diferentes órgãos, otimizando a resposta em desastres.
Resposta a desastres naturais
Para garantir a atuação rápida e eficaz em todos os tipos de salvamentos, em caso de desastres, o Governo do Estado também lembra que investe em modernização de viaturas e equipamentos, capacitação de militares, até com cursos internacionais, e aquisição de novas tecnologias.
No último ano, foram empenhados cerca de R$ 1 bilhão no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, visando à excelência dos socorros, seja por terra, água ou ar.
Entre os destaques, estão novas ambulâncias, caminhões de busca e salvamento, simuladores para treinamento de combate às chamas, dois sonares de última geração, capazes de buscas subaquáticas em caso de inundações/alagamentos, além de ferramentas desencarceradoras para cortar estruturas metálicas, como a lataria de carros, e também motosserras para cortar estruturas de concreto.
Em preparação para as chuvas, o Corpo de Bombeiros RJ também construiu uma pista de escombros, com mais de 800 metros quadrados, para simulação de buscas com cães farejadores a vítimas de desabamentos de edificações.
A estrutura fica baseada no quartel do 2° Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente, em Magé, onde fica o canil da corporação.