As campanhas de Novembro Roxo estão ganhando cada vez mais força mundialmente, uma vez que possuem o foco de conscientizar a população a respeito do câncer de pâncreas, considerado um dos mais agressivos, silenciosos e com taxas de mortalidade elevadas, principalmente quando diagnosticado tardiamente.
Por não apresentar sintomas nos primeiros estágios, o diagnóstico precoce segue sendo um grande desafio não apenas no Brasil. Outro gargalo nesta fase inicial do diagnóstico especializado é a agilidade e o encaminhamento correto para as próximas etapas da jornada do paciente.
Devido ao crescimento na incidência na população brasileira, a doença tem despertado maior atenção nas últimas décadas. No A.C.Camargo Cancer Center, por exemplo, desde os anos 2000 houve um aumento de mais de 450% no número de casos desse tipo de câncer tratados.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que esse tipo de tumor maligno tem uma das menores taxas de sobrevivência entre as neoplasias malignas. Ele ocupa a 14ª posição entre os mais frequentes na população brasileira; a estimativa do Ministério da Saúde é de aproximadamente 11 mil casos diagnosticados por ano entre 2023 e 2025.
Principais sintomas
O pâncreas é uma glândula que faz parte tanto do sistema digestivo quanto do sistema endócrino. O órgão está localizado atrás do estômago e próximo ao duodeno. Na parte digestiva ele tem a função de produzir enzimas pancreáticas que são liberadas no intestino delgado para auxiliar na digestão dos alimentos. Já na parte e endócrina ele auxilia produzindo hormônios que são liberados na corrente sanguínea para regular o metabolismo do corpo.
“Alguns sintomas podem ser notados pelo paciente, mas nem sempre são investigados, como por exemplo, indigestão, perda de peso, dor abdominal ou nas costas, inchaço, piora ou aparecimento rápido de Diabetes e evacuações com gordura. Isso acontece quando a doença bloqueia o ducto pancreático impedindo a liberação de enzimas digestivas no trato intestinal, e em outros casos obstrui o canal biliar, o que leva a um amarelamento da pele e mucosas, condição conhecida como icterícia. Dor na região da lombar também é relatada, e isso ocorre quando o tumor comprime alguns nervos ao redor do pâncreas”, detalha o oncologista Felipe Coimbra.
Outros sintomas comuns são: urina escura; fezes de cor clara, perda de apetite e perda de peso inexplicável; dor ou desconforto na parte superior do abdômen; náusea ou vômito, diarreia; fadiga e fraqueza e aparecimento repentino de diabetes.
Muitos desses sintomas podem ser confundidos com os de outras patologias e por isso nem sempre investigadas a fundo, assim, o diagnóstico tende a ser tardio, o que colabora para o agravamento do caso antes de qualquer intervenção.
Mitos e verdades
1. O câncer de pâncreas tem uma forte conexão com o diabetes: Verdade. Mas, embora haja uma associação, especialmente quando o diabetes é diagnosticado tardiamente, nem todo paciente com diabetes desenvolverá câncer pancreático. Em alguns casos, o câncer de pâncreas pode provocar diabetes ou alterações nos níveis de glicose.
2. Não existem vacinas autorizadas para o tratamento do câncer de pâncreas: Verdade. Até o momento, não há vacinas curativas liberadas para o câncer de pâncreas. No entanto, existem pesquisas em andamento para o desenvolvimento de vacinas terapêuticas que estimulem o sistema imunológico a combater o tumor.
3. Todo tumor no pâncreas é maligno: Mito. Existem diferentes tipos de tumores pancreáticos, alguns benignos e outros malignos. Determinar a natureza do tumor é crucial para planejar o tratamento. Por isso, é importante que todo nódulo ou lesão identificada seja devidamente avaliada.
4. Todos os casos de câncer de pâncreas são incuráveis: Mito. Quando diagnosticado em estágios iniciais e se for possível realizar a cirurgia, o câncer de pâncreas pode ser tratado com a intenção curativa. As taxas de sobrevida dependem de diversos fatores, como o tipo e estágio do tumor, além das opções terapêuticas disponíveis.
5. Não há como fazer rastreamento para o câncer de pâncreas. Depende. Atualmente, não existem programas de rastreamento em massa, como existem para outros cânceres. No entanto, indivíduos com histórico familiar, cistos pancreáticos ou síndromes genéticas associadas podem ser monitorados de perto e com mais periodicidade.