Coleta aconteceria abaixo da cidade de Três Rios
Uma proposta alternativa ao serviço de abastecimento de água exercido pelo Sistema Imunana-Laranjal foi apresentada, pela Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio (Seaerj), durante seminário na última quarta-feira (22). O projeto considera a melhoria no processo de captação da água.
A proposta visa a construção de um túnel-adutor, de 48 quilômetros, na altura do município de Anta, até Guapimirim. O projeto considera a coleta de água abaixo da cidade de Três Rios, no Centro-Sul Fluminense, onde o volume de água é maior, pelo encontro dos rios:
– Paraíba do Sul: Nasce em São Paulo e alimenta o estado do Rio de Janeiro;
– Rio Piabanha: Nasce em Petrópolis;
– Paraibuna: Nasce em Minas Gerais.
A localização acrescentaria 30 metros cúbicos de água para as três cidades, conforme apurou a reportagem.
Estação de tratamento de água em Laranjal, São Gonçalo
O Sistema Imunana-Laranjal abastece dois milhões de pessoas em Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, parte de Maricá e a Ilha de Paquetá, e sofreu uma paralisação no mês passado por causa de uma tragédia ambiental no Rio Guapiaçu. Criado em 1954, portanto há 70 anos, esse sistema opera em sua capacidade máxima.
Vantagem
Para o engenheiro e vice-presidente da Seaerj, Francisco Filardi, a vantagem da construção do túne-adutor é a capacidade de captação de água com menor custo de energia, uma vez que a água seria coletada em queda livre numa altura de 200 a 80 metros.
A proposta prevê entre quatro a cinco anos de obras e um custo aproximado de R$ 1 bilhão e 100 mil. Conforme o engenheiro, a captação de recursos pode ser feita através de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Segundo Filardi, o projeto foi apresentado por um engenheiro em 1996, quando ele atuava como Coordenador do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara.
Para o vice-presidente, o processo de captação é determinante no resultado e na qualidade da água, uma vez que substâncias químicas podem ser extraídas dos lençois freáticos juntamente com a água que segue para tratamento.
Nós precisamos romper o que chamamos de bolha, porque esse processo está somente na área da engenharia. A engenharia executa a obra, mas quem decide é o político. O fator político precisa ser convencido de que essa obra transcenda o governo. É uma obra de Estado
Francisco Filardi,
engenheiro e vice-presidente da Seaerj
Série de medidas
Conforme o engenheiro, se investida, existe uma série de medidas que devem ser executadas para que o processo possa ser viabilizado.
“Para bancar o que seria o projeto em execução, vai envolver trabalho de campo, sondagem, desapropriações e um conjunto de trabalhos que envolvem uma obra desse porte”, explicou.
Ao ENFOCO, Francisco Filardi enfatiza que o número de profissionais envolvidos na construção será dimensionado a partir do momento em que houver a definição do modelo de execução da obra, como, por exemplo, as tecnologias utilizadas na construção.
No caso do plano alternativo, Filardi aponta que uma das tecnologias que poderiam ser utilizadas para garantir a eficiência da construção, seria a máquina de perfuração por rotatividade.
Para Filardi, a oferta de uma melhor opção de abastecimento é uma necessidade urbana
“As cidades estão crescendo e a água está ficando longe. Niterói, por exemplo, considerada pela língua tupi, uma cidade longe da água ou de águas escondidas, é uma cidade muito agradável, com boas construções. Ela cresceu muito depois que a ponte (Presidente Costa e Silva/Rio-Niterói) chegou, mas a água não acompanha”, explicou.
A proposta foi apresentada pelos engenheiros Carlos Eduardo Siqueira Nascimento, Flávio Miguez de Mello e Isaac Volschan Junior, no seminário “Reforço e garantia de abastecimento de água para a Região Metropolitana da Grande Rio e Grande Niterói, na sede da entidade, na Glória.
O que diz a Cedae
Questionada, a Cedae informou que já iniciou estudos para verificar a viabilidade técnica, econômica e financeira de projeto que visa aumentar a demanda de água para a região do Leste Metropolitano.
“Cabe destacar que a Companhia está investindo R$ 140 milhões em obras para reforçar a eficiência e resistência do Sistema Imunana-Laranjal”, pontuou.
Segundo a companhia, as ações incluem modernização dos filtros e floculadores, substituição de bombas de água bruta, aquisição de novos equipamentos, reforma das instalações, além da reformulação do sistema de monitoramento e controle do processo de tratamento.
“Ainda no segundo semestre deste ano, o laboratório da Estação de Tratamento de Água (ETA) Laranjal será modernizado e receberá equipamentos de alta tecnologia para o controle da qualidade da água”, finalizou.