Carlos Alberto Souza, pai de Vitória Regina de Souza, de 17 anos, foi descartado pela polícia como possível envolvido na morte da filha. A informação foi compartilhada pela equipe de investigação durante uma coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (10), quando foram fornecidas atualizações sobre o caso.
Até agora, três pessoas são classificadas como suspeitas de envolvimento no crime: Maicol Antônio Sales, vizinho de Vitória que foi preso no último sábado (8); Gustavo Vinícius, ex-namorado da vítima; e Daniel Lucas, que teria tido um caso com o ex-companheiro dela e é amigo da família.
O pai Carlos havia sido apontado como suspeito após a investigação mencionar um “comportamento estranho” e relatar que ele teria solicitado um terreno ao prefeito de Cajamar em um dos primeiros contatos entre ambos, logo após a confirmação do falecimento de Vitória.
Além disso, documentos obtidos pelo programa da Record TV, o Domingo Espetacular, indicam que a relação entre pai e filha “poderia estar bastante conturbada”, o que teria motivado Vitória a considerar se mudar para a casa da irmã, Verônica. A investigação também analisou as mensagens trocadas entre Carlos Alberto e a filha.
A defesa de Carlos Alberto, representada pelo advogado Fabio Costa, informou à CNN que tentaria reverter a decisão, considerando-a “absurda”.
Fabio explicou que o pai de Vitória Regina nunca foi ouvido formalmente pela polícia, o que impediu que ele fornecesse detalhes sobre o dia do desaparecimento. O advogado afirmou que Carlos Alberto foi incluído entre os suspeitos após omitir o fato de que havia feito várias ligações para sua filha no dia em que ela desapareceu.
O delegado Luiz Carlos do Carmo, responsável pela investigação, afirmou na coletiva de imprensa: “A equipe de investigação deve conduzir o processo de forma imparcial. A partir daí, a investigação focou nas pessoas próximas à vítima, como o pai e o namorado. Realizamos a investigação de todos esses envolvidos, e, com base nas diligências iniciais, foi rapidamente descartada a possibilidade de o pai estar envolvido no crime. Portanto, gostaria de esclarecer que não há investigação contra o pai da vítima.”
Cativeiro onde a jovem foi mantida
O caso foi transferido da delegacia de Cajamar para o Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), sob a direção de Luiz Carlos do Carmo, que assumiu a investigação nesta segunda-feira.
De acordo com o delegado, as investigações em curso buscam identificar o cativeiro onde Vitória foi mantida e possivelmente torturada. A polícia aguarda os resultados dos exames toxicológicos e das vísceras para determinar se a jovem foi estuprada antes de ser assassinada. Também estão sendo realizadas perícias no local do crime e testes de luminol em áreas por onde a vítima passou.
Foi realizado um exame de cronologia da morte para calcular quanto tempo Vitória permaneceu no cativeiro e o momento exato de seu falecimento.
Primeiro suspeito preso
A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na tarde do último sábado (8), o primeiro suspeito de envolvimento na morte de Vitória Regina, em Cajamar, na região metropolitana da capital. O detido é Maicol Antônio Sales dos Santos, de 27 anos.
De acordo com a investigação, ele é proprietário do Toyota Corolla que perseguiu a jovem momentos antes de seu desaparecimento na madrugada de 27 de fevereiro, na Grande São Paulo. A prisão aconteceu após a justiça acatar o pedido de prisão preventiva solicitado pelos investigadores.
O depoimento da esposa foi fundamental para a detenção de Maicol, sob suspeita de envolvimento na morte de Vitória. A informação consta no mandado de prisão contra o homem, emitido pela Justiça de São Paulo.
De acordo com o pedido, durante o depoimento, Maicol entrou em contradição. Ele afirmou estar em casa com a esposa na noite de 26 de fevereiro, quando Vitória desapareceu. No entanto, em uma conversa com os investigadores, a esposa do suspeito contradisse a versão dele e negou estar com Maicol. Ela explicou que estava na casa da mãe e só se encontrou com o marido no dia seguinte.
Além disso, pelo menos dois vizinhos da residência de Maicol relataram aos investigadores ter notado comportamentos suspeitos no dia do crime. O Toyota Corolla, que costumava ficar estacionado na frente da casa, não estava presente na noite em que o ocorrido aconteceu.
Maicol afirmou que o carro estava guardado na garagem, mas sua versão não convenceu os investigadores. A prisão dele foi solicitada à justiça, que concluiu haver elementos suficientes para a detenção temporária, por pelo menos 30 dias.