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Como Boto virou mais fã de Filipe Luís do que de Jorge Jesus

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O primeiro encontro precisava ser especial. Foi um convite para um ambiente particular, com significado pessoal: uma quinta, em Vila Real, cidade do Norte de Portugal.

 

A propriedade rural fica na região do Douro, conhecida pela produção de vinhos e boa comida. Ambiente propício para que? Falar de futebol. E do Flamengo, claro. Afinal, foi o clube que uniu os planos de carreira de José Boto e Filipe Luís.

Em pouco mais de um mês de trabalho, sintonia e perspectiva de sucesso em 2025 entre o técnico e o diretor de futebol. Boto já virou mais fã de Filipe Luís do que do treinador que serve de referência para o novato técnico: Jorge Jesus.

Os resultados estão aparecendo. E tudo isso tem a ver com o que eles perceberam um do outro antes e a partir daquele encontro em 23 de dezembro do ano passado, segundo o UOL apurou.

CARNE, FLAMENGO E NADA DE VINHO

O primeiro papo durou das 11h às 21h. Jornada longa, que serviu como alicerce da relação pessoal e de trabalho.

Boto foi anfitrião de Filipe Luís em uma propriedade rural que era uma antiga herança da família da mulher do dirigente português. O local é simpático, com ar de interior e paisagem bucólica.

Após a morte dos sogros de Boto, a quinta virou motivo de certa discórdia entre os cinco filhos do casal. Ninguém queria cuidar tanto. Ao mesmo tempo, eram relutantes em vender. Até que Boto resolveu investir e fez a aquisição.

Veio a covid-19, e o local virou refúgio do dirigente por três meses durante a pandemia. Ganhou outra conotação. Além de lembranças do período de isolamento, também é destino no período de Natal, como foi em 2024.

Filipe Luís estava perto dali, na região da Coruña, na Espanha. O ex-lateral-esquerdo atuou por lá entre 2006 e 2010. Criou laços.

A distância entre os dois era de pouco mais de 300 km. Filipe fez o trajeto de ida e volta dirigindo. Por isso, não pôde degustar o vinho local.

A sobriedade também precisava ser adotada na hora de esmiuçar a realidade que vivia no comando do Flamengo.

“Quando a gente se conheceu, em 23 de dezembro, em Portugal, a gente falou de todos os jogadores”, disse o técnico sobre aquele dia.

Os dois prestaram mais atenção na lista de nomes do que nos detalhes do prato que pediram para comer. A carne estava boa, isso é certo.

UM OLHAR DURANTE O PROCESSO ELEITORAL

Boto ainda não conhecia Filipe Luís pessoalmente. Mas o contato por telefone já tinha se tornado um hábito diário cinco dias antes. Aquela sensação real de que estavam mais em contato entre si do que com as respectivas famílias.

Quando Luiz Eduardo Baptista, o Bap, tomou posse como presidente do Flamengo, em 18 de dezembro, anunciou a contratação do português. Ali estava a “senha” para a aproximação efetiva entre técnico e diretor.

Mas essa negociação não ocorreu em um piscar de olhos. Boto e Bap já tinham iniciado as tratativas quase três meses antes da passagem de poder no Flamengo. E quando Filipe Luís assumiu o lugar de Tite, o português se atentou mais para o trabalho, as ideias e a forma de se expressar daquele que poderia ser seu subordinado e companheiro de clube.

E JORGE JESUS NISSO?

Então no Osijek, da Croácia, Boto não queria vir ao Brasil para trabalhar com um treinador com o qual não se identificasse.

Mesmo à distância, o dirigente português percebeu que poderia rolar um bom casamento, em termos de ideias de futebol. A realidade comprovou.

E qual o ponto de conexão na história e estilo dos dois? Inicialmente, Jorge Jesus.

Filipe Luís diz que o português é o melhor técnico que já viu. Anotou seus treinos, não cansa de elogiá-lo e tenta aplicar vários dos seus conceitos no Fla atual.

Boto trabalhou com Jorge Jesus no Benfica por seis anos. Conhece também o jeitão do Mister.

Eles gostam de uma equipe que tenha posse de bola e propõe jogo, sem esperar o que o adversário vá fazer. Entendem que é fundamental.

Mas Boto viu ao longo do tempo que Filipe Luís não é apenas uma cópia de Jesus.

O brasileiro acrescentou repertório que, nesta quinta-feira (6), Boto identifica como similar ao de outro técnico europeu com quem trabalhou. O paralelo é com o italiano Roberto De Zerbi, ex-Shakhtar Donetsk. Por quê? Pelos elementos defensivos que Filipe implantou no jeito de trabalhar.

Filipe não tem relação direta com De Zerbi, tampouco trabalhou com ele. Diego Simeone, do Atlético de Madrid, é o guru famoso para desenvolver a forma de se defender. Mesmo de origens diferentes, o resultado da mescla ataque-defesa deu um clique na mente de Boto.

Quando conversaram, os dois perceberam que estavam afinados. As ideias trouxeram empatia mútua. nesta quinta-feira (6), Boto diz a quem pergunta: curte mais o técnico Filipe Luís do que o técnico Jorge Jesus.
“O Filipe vai ser um treinador top mundial”, afirmou ele na apresentação.

A DINÂMICA NO NINHO

Como ambiente de conversa entre Boto e Filipe Luís, a quinta em Vila Real deu lugar ao Ninho do Urubu, em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio.

A rotina diária começa cedo. Os dois têm liberdade para ir ao escritório do outro. Quem acompanha o trato entre os dois diz que é uma relação direta, sem vaidades. Os próprios jogadores do Flamengo dizem que o técnico se tornou um bom ouvinte também.

O futebol domina o assunto. Boto e Filipe se enxergam como “viciados” nisso. Jogos, jogadores, adversários, treinadores e tudo mais que cerca o jogo podem prendê-los no papo.

O CT do Flamengo é considerado o lugar mais seguro e blindado para isso. Para se resguardar de olhos e ouvidos alheios, eles evitam se encontrar em restaurantes no Rio.

Nessa fase carioca, Boto só tem feito basicamente o caminho do CT para casa, na rota Vargem Grande-Barra. Ele conheceu mais a cidade em outras ocasiões que veio a trabalho, ainda quando estava no Shakhtar, captando jogadores que queria contratar para o futebol ucraniano.

Publicamente, eles asseguram que as decisões até agora foram em comum acordo – mas não necessariamente eles têm ideias iguais desde o início. As decisões envolvem detalhes logísticos, de dinâmica de trabalho até chegadas e saídas de jogadores.

A ida de Carlos Alcaraz para o Everton foi o episódio mais recente. Filipe até expôs a Boto a preocupação por não conseguir fazer o jogador argentino render.

“Minha relação com o Boto é uma coisa espetacular. Ele entende perfeitamente o que eu sinto como treinador, porque ele já foi treinador. Temos uma sintonia muito grande”, disse o técnico do Flamengo.

A Supercopa do Brasil virou o primeiro efeito tangível disso tudo. Rendeu uma foto juntos com a taça. Obviamente, eles não querem parar por aí.

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