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Como buscar a felicidade

Sócrates foi o primeiro filósofo grego que dedicou-se ao estudo do homem e de sua forma de viver. Foi condenado à morte por envenenamento, por ser considerado uma ameaça aos jovens, por disseminação de suas ideias, que iam de encontro ao poder estabelecido. Não deixou texto escrito, mas seu discípulo mais famoso, Platão, disseminou seus ensinamentos por meio dos diálogos que compunham seus textos, nos quais Sócrates exercia o papel de protagonista.

Uma das célebres frases de Sócrates, eternizada por Platão, é “uma vida não examinada é uma vida que não merece ser vivida”. Essa frase complementa a citação do templo de Delfos, na Grécia : “conhece-te a ti mesmo” e a constatação do filósofo, ao lê-la: “só sei que nada sei”. Mas é preciso entender o que essas frases representam, no contexto da filosofia.

A filosofia clássica debruça-se, em grande parte ao entendimento do homem e de suas idiossincrasias. O único ser vivo capaz de pensar, elaborando esse pensamento de forma lógica e ordenada, é o homem. A filosofia é o amor pela sabedoria, que advém da busca de respostas sobre a existência humana e o melhor modo de desfrutá-la.

Muitos de nós passamos a vida inteira sem saber quem somos e quais são os principais bens que devemos perseguir, a fim de termos uma boa vida, que nas palavras de sócrates, nada mais era do que uma vida voltada a ideais mais elevados.

Platão popularizou a filosofia viva de Sócrates, mas foi Aristóteles, discípulo de Platão, quem tornou-a mais ordenada, acessível, dissecando ensinamentos e estruturando o pensamento lógico acerca dos temas mais caros aos pensadores clássicos.

Aristóteles trouxe ao mundo uma concepção de felicidade, de bens de fácil e de difícil conquista e de propósito de vida. Em suas lições, afirmava que há muitos bens que podem ser perseguidos como meio para encontrar bens maiores, mas nunca como um fim em si mesmos, pois deixarão a vida vazia e desprovida de sentido.

Valores

Os bens que mereceriam ser buscados e pelos quais valeria a pena até mesmo morrer, seriam os valores morais e intelectuais, os quais seriam capazes de ajudar o homem a encontrar a felicidade e, consequentemente, a viver uma vida boa.

Assim, ao investirmos no aprimoramento dos nossos conhecimentos, bem como das nossas virtudes, afastando tudo que fosse excessivo e nos desviasse de nosso percurso, estaríamos dando passos largos em direção àquele que deveria ser o fim último de todo ser humano: uma vida com sentido.

Esses valores são o combustível, para que os homens levem uma vida ordenada e com propósito. Consubstanciam-se na coragem, na temperança e na justiça, bem como na busca pelo saber e pelo aprimoramento pessoal.

Mas, para “investirmos” nesses valores, será preciso fazermos alguns sacrifícios, ou não conseguiremos alcançá-los. E aí vêm os outros ensinamentos de Aristóteles, sobre o que é preciso evitar.

O oposto da virtude

O oposto de virtude é vício. Tanto o excesso da virtude, quanto a sua falta, geram um vício. Então, o excesso de coragem gera a imprudência. A sua falta gera a covardia e o medo. O excesso de temperança gera a apatia. A sua falta gera a ira, a luxúria e a inconsequência. O excesso de justiça gera o radicalismo, A sua falta gera o egoísmo e a injustiça.

Logo, o mais importante, na aplicação das virtudes, é o seu uso equilibrado. Nada em excesso é bom, porque nos desvia totalmente de nossos objetivos e do princípio norteador da vida boa, que é a ordem. A desordem dos prazeres faz com que todos os campos de nossa vida sejam afetados. Basta imaginarmos o excesso de bebida. De sexo. De drogas. De ganância. De poder. De vaidade.

Nada disso permite que as virtudes floresçam. Todos os bens que esses prazeres proporcionam, se imoderadamente perseguidos, como se fossem um fim último, e não um meio, um instrumento para se viver mais e melhor, impedem o crescimento pessoal e a busca do que é bom, belo e justo. O belo, para Aristóteles, é o que sinaliza virtude, nos remetendo a valores mais elevados, como uma obra de arte, o interior de uma igreja, o amor, a amizade sincera…

Portanto, nenhuma vida pode ter como finalidade os prazeres. O dinheiro. O sucesso. Todos esses fatores podem ser consequência ou até meios , se usados de forma adequada, para encontrarmos a felicidade. Mas jamais o objetivo final. Eles são instrumentos, que devem ser utilizaddos da forma adequada e não podem dominar-nos: nós definimos o efeito que estes têm sobre nós, e não o contrário.

E o que vemos hoje é o absoluto oposto disso. As pessoas perseguem fama, poder, dinheiro, beleza, perfeição como seus propósitos de vida, utilizando drogas, procedimentos estéticos, sexo e àlcool como combustível. Ficam reféns desses bens. E o resultado disso é o que Aristóteles sinalizava como o que poderia se obter de pior: uma vida sem sentido, vazia, não examinada, de acordo com Sócrates.

O sentido da vida

Porque, ao examinarmos nossas vidas com honestidade, podemos enxergar com clareza o que nos gera tanto vazio. Se o que se deve perseguir são amores verdadeiros (consubstanciados no amor romântico, na amizade e no amor filial), mas ao vivermos nos excessos e com objetivos deturpados, atraímos justamente o contrário, estamos caminhando a passos largos para o abismo.

“Quem tem muitos amigos , não tem nenhum”. Assim como quem desfruta de muitos prazeres por todo o tempo, não sente mais nada ao fim e ao cabo. Portanto, se desejamos uma vida boa e bem vivida, precisamos examinar profundamente nosso interior, cortar os excessos, dedicarmo-nos ao que é verdadeiro e bom para nós e tem significado, afastarmo-nos do que nos faz mal.

Em meio a esse mundo repleto de falsos prazeres. desejo a todos uma vida maravilhosa e um autoexame profundo, do qual todos possam emergir com respostas concretas para o que é o sentido de suas vidas, encontrando a felicidade que tanto buscam, ao final do percurso.

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