Estudos mais relevantes demonstram que o maior consumo de calorias pela noite está associado com maior chance de obesidade.
Nos últimos anos, um tópico que ganhou destaque nas conversas sobre saúde e nutrição é a crononutrição. A ideia por trás desse conceito é que o horário em que você consome alimentos pode impactar a eficiência do seu metabolismo, a regulação do peso e até mesmo a saúde em geral. Mas será que existe realmente um “melhor” horário para comer? O café da manhã é mesmo uma refeição importante? Alimentação noturna é um problema?
O ajuste de calorias e macronutrientes diário sempre foi e continua importante, mas de uns tempos para cá, novas estratégias associadas a crononutrição foram criadas de modo a organizar a proporção desses nutrientes a cada refeição. Pesquisas científicas observaram que existe um padrão alimentar envolvido com o momento em que as refeições são feitas e isso é definido como crononutrição.
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Se você tem um pet, deve ter reparado que mesmo sem a menor consciência do que é hora no relógio, seu cãozinho fica ansioso para sair para passear em horários regulares. Da mesma forma que a maioria dos seres vivos, nós também seguimos padrões de horário que são influenciados pelo ciclo natural de luz e escuridão ao longo de um dia de 24 horas. Mesmo que não estejamos conscientes o tempo todo, estamos sujeitos às influências da cronobiologia.
Horário desde o início
Isso vale para a alimentação desde quando éramos bebês, porque o leite materno sofre oscilações ao longo do dia, contendo maior concentração de cortisol pela manhã e mais melatonina à noite, auxiliando no despertar e no sono do bebê. Isso é tão relevante, que em alguns países, já existem fórmulas infantis destinadas para o dia e para a noite.
Além disso, algumas pessoas preferem o dia, enquanto outras se sentem mais ativas durante a noite, caracterizando seus respectivos cronotipos. Aqueles que se sentem mais produtivos durante o dia são conhecidos como diurnos, enquanto os indivíduos que preferem a tarde e a noite são chamados de vespertinos. Embora seja importante respeitar as preferências e necessidades individuais, é preciso reconhecer que ciência traz dados relevantes sobre cronotipo e nutrição.
Seu cronotipo é vespertino? Atenção redobrada
Estudos mais relevantes demonstram que o maior consumo de calorias pela noite está associado com maior chance de obesidade. Assim como pular o café da manhã também pode aumentar a adiposidade. Portanto, o cronotipo vespertino tem sido associado a uma maior predisposição para diabetes mellitus, síndrome metabólica, maior índice de massa corporal e sarcopenia, bem como transtornos depressivos.
O café da manhã é mesmo uma refeição importante?
De acordo com a crononutrição a resposta é sim! Isso porque, de manhã, o corpo tende a ser mais sensível à insulina, o hormônio que regula o açúcar no sangue. Portanto, algumas pesquisas sugerem que consumir uma refeição rica em nutrientes pela manhã pode ser benéfico para o controle do peso e a saúde metabólica.
Alimentação noturna é um problema?
A quantidade de calorias em um alimento não muda se ele é consumido de manhã ou a noite, o que muda é a forma como nosso metabolismo lida com esse alimento.
A crononutrição alerta para os riscos da alimentação noturna. A teoria é que, à noite, o corpo está se preparando para o descanso e não processa os alimentos da mesma forma que durante o dia. Isso pode levar ao ganho de peso e a problemas digestivos.
A qualidade do alimento também tem forte influência no período noturno. O consumo excessivo de açúcar tem sido associado a distúrbios do sono, como insônia e sono fragmentado. O açúcar pode levar a flutuações nos níveis de açúcar no sangue, o que pode causar despertares noturnos.
O equilíbrio entre a ciência da crononutrição e a individualidade de cada pessoa”
Paulo Peçanha,
nutricionista
A crononutrição é uma fascinante área de estudo que nos lembra da complexidade da relação entre comida, corpo e relógio biológico. No entanto, não devemos esquecer que a nutrição é uma experiência profundamente pessoal e individual. Enquanto buscamos alinhar nossos hábitos alimentares com os ritmos circadianos, é crucial manter uma relação saudável com a comida, respeitando nossas próprias preferências e necessidades.
Ao ouvir o nosso corpo, respeitar as nossas preferências alimentares e buscar a orientação de um nutricionista, podemos trilhar o caminho para uma alimentação que não apenas respeite nossos ritmos biológicos, mas também promova uma relação saudável e prazerosa com a comida. É a combinação desses elementos que nos permite abraçar uma nutrição que atenda não apenas ao nosso relógio biológico, mas também ao nosso bem-estar emocional e físico.