Marcia Pacheco começou arranjando flores na garagem
‘’Eu aprendi a respeitar as posições que a natureza te impõe’’. É com esse pensamento que a artista floral Márcia Pacheco, de 52 anos, uniu a vontade de aprender com a arte de arranjar flores e tornou-se a primeira e única representante de Niterói na Academia Brasileira de Artistas Florais (Abaf).
Proprietária da ‘Dona Frô’, a niteroiense iniciou a trajetória no comércio floral quando ainda atuava como designer de interiores. Foi observando alguns eventos que realizava com uma amiga que Márcia percebeu que se interessava pelo potencial das flores de modificar o ambiente.
Eu fui durante 12 anos autodidata. Eu aprendia olhando, fazendo, observando a natureza. Como que as plantas se comportam com o sol, com a luz, a curvatura de cada planta. E aí, fui inventando e descobrindo.
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Dona Frô trabalha com produtos sustentáveis
Equipe da Dona Frô é composta por mulheres
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Desde então, a florista uniu a habilidade de empreender, herdada pela família, com os arranjos florais. No entanto, o início demorou para apresentar retornos:
‘’Eu comecei há 14 anos trocando seis por meia dúzia. Eu vendia um arranjo a R$ 50 e gastava R$ 80 para ir no Cadeg comprar flor e sobrava, porque eu vendia um arranjo só e fiquei assim por anos.’’, lembrou.
Durante um tempo, Marcia equilibrou as funções como designer e florista, mas com a chegada da filha, a niteroiense viu suas possibilidades serem limitadas. Foi neste momento, que a artista tornou a segunda ocupação, como sua fonte de renda primária.
‘‘Eu tive filhos, o mercado de trabalho já te exige coisas que você, com filho pequeno não consegue dar conta e isso (flores) eu conseguia fazer na garagem de casa.’’, relatou.
Quando a niteroiense percebeu que as coisas ‘estavam acontecendo’, resolveu se aprofundar e investir em conhecimento. Através das redes sociais, a artista conheceu a Escola Brasileira de Arte Floral e decidiu ir para Holambra, em São Paulo, considerada a cidade das flores, onde concluiu um curso na área.
Além dos conhecimentos adquiridos durante o estudo, Marcia também descobriu a possibilidade de integrar a Academia Brasileira de Artistas Florais (Abaf). Durante a descoberta, a artista decidiu realizar a prova para tornar-se representante de Niterói na instituição.
‘’É uma coisa bem intensa, tem várias cabines separadas, você não vê quem está do seu lado. E aí tem arranjos que você tem que fazer seguindo várias técnicas que eles te dão antes. Você que leva as flores, você que leva os vasos, você que leva tudo. Um dos arranjos era livre, você podia fazer o que quisesse e também tinha tempo: 30 minutos para cada prova.’’, explicou.
Realizada a prova, Marcia recebeu o resultado no mesmo dia: aprovada como a nova integrante da Academia. O novo título conferiu à niteroiense uma repercussão inesperada.
Cuidados com as flores
Segundo a florista, existem alguns cuidados quando se ganha uma flor. Primeiramente, é necessário tirar a planta da embalagem e inseri-la em uma vasilha com água limpa. Também é recomendado retirar as folhas para que não haja a proliferação de bactérias.
A água do vaso em que estão contidas as flores precisam ser trocadas de dois em dois dias. Colocar um pouco de água sanitária na água também reduz as bactérias. Cortar cerca de 10 centímetros do caule também ajuda a aumentar a durabilidade das plantas.
Flores comunicam
Conforme a florista, o consumo de rosas foi muito estimulado, principalmente, por influência das redes sociais.
‘’Muitas mulheres se dão flores. São declarações de amor lindíssimas, e elas trocam flores por qualquer coisa. Esse mercado se comunica muito através das flores. O tempo todo a gente percebe isso.’’, pontuou.
Atualmente, o principal serviço desempenhado pela florista é o de assinatura floral. O serviço realiza a troca de arranjos nas residências, clínicas e comércios. Os valores variam entre R$ 300 a R$ 700 por mês.