Fundado há 12 anos, o grupo oferece encontros gratuitos, mediados por psicólogas
O Grupo Gratuito de Acolhimento e Apoio a Mães Enlutadas, chamado “Mães Sem Nome”, realizará, nesta semana do “Dia das Mães”, um plantão psicológico para oferecer apoio às mulheres que revivem neste período o sofrimento de perder um filho. Fundado há 12 anos, o grupo oferece encontros gratuitos, mediados por profissionais voluntárias.
Segundo Márcia Noleto, psicóloga e escritora, criadora do grupo, o ”Mães Sem Nome” preenche uma lacuna deixada pelo poder público no atendimento a mulheres vulnerabilizadas pela perda de seus filhos.
O grupo é um espaço seguro, no qual essas mulheres podem compartilhar suas histórias, dores e amores.
Márcia Noleto,
idealizadora.
“O grupo é um espaço seguro, no qual essas mulheres, afetadas por todo tipo de luto (gestacional, durante e pós-parto e ao longo da vida), podem compartilhar suas histórias, dores e amores, dar voz às suas experiências singulares e, juntas, tecer uma rede de apoio, além de buscarem possibilidades de rearticulação com a vida após esse evento trágico da perda de um filho, que subverte a lógica da vida”, explica Márcia.
Por que ‘Mães Sem Nome’?
A psicóloga conta como tudo começou e a razão da escolha do nome do grupo. “Em 2011, perdi minha filha primogênita, de 20 anos, em um acidente de helicóptero. Fiquei destruída. Ao buscar caminhos para minimizar minha dor, comecei a procurar outras mulheres que passaram por experiências similares a fim de encontrar um caminho. E nunca mais parei”, explica.
Um ano após o acidente, Márcia reuniu um grupo significativo de mães enlutadas para formar o que hoje é conhecido como o Grupo Gratuito de Acolhimento e Apoio a Mães Enlutadas, ou “Mães Sem Nome”.
“‘Sem Nome’ foi o adjetivo que escolhi para essas mulheres. A história não conseguiu dar um ‘nome’ para a dor da perda de um filho. Se procurarmos no dicionário, temos as viúvas, para mulheres que perderam seus cônjuges, e órfãs para mulheres que perderam seus pais. Mas, não há um nome para a dor de quem perdeu seus filhos”, compartilhou ela.
Instituto
Em 2016, o ”Mães Sem Nome” se transformou em Instituto. Quarenta alunos do Departamento de Direito da Fundação Getúlio Vargas, ao lado da apoiadora e novelista Gloria Perez, formalizaram seu estatuto e ajudaram a escrever a “Cartilha Jurídica do Luto”, um livro constituído a partir das experiências das próprias mães que foram à FGV para contar pessoalmente suas histórias.
Nele, em uma linguagem simples e direta, fez-se um mapeamento das principais dúvidas e orientações práticas sobre casos de falecimento, desaparecimento, questões funerárias, patrimoniais e sucessórias.
Como participar
Para participar do plantão psicológico, basta fazer inscrição por meio de um formulário online, disponibilizado pelo grupo. Além da iniciativa do plantão, o grupo realiza encontros online quinzenais com as participantes.
Os serviços são intercalados uma vez por mês às quartas das 20h às 21h30 e às sextas das 19h às 20h30, incluindo encontros presenciais aos sábados, na sede da C-FEN em Copacabana, Zona Sul do Rio, das 10h às 12h.
Para participar, é necessária inscrição prévia e uma entrevista posterior agendada com uma psicóloga, que tem como objetivo conhecer a história da mãe e a sua situação atual (rede de apoio, relações sociais, autocuidado, entre outros).
Após essas etapas, e conforme a avaliação das psicólogas responsáveis, a mãe é encaminhada ou para os grupos ou para uma terapia individual. As inscrições devem ser feitas pelo link, também disponível na bio do perfil do grupo no Instagram.