
São Gonçalo, localizada a cerca de 31 km do Rio de Janeiro, é hoje a cidade brasileira com maior uso de ônibus no deslocamento casa-trabalho, segundo dados do Censo 2022 do IBGE, divulgados no dia 9 de outubro.
Mais da metade dos trabalhadores gonçalenses, 56%, utilizam o transporte coletivo municipal ou intermunicipal todos os dias. Com 896.744 habitantes, o município é o segundo mais populoso do estado, ficando atrás apenas da capital.
Transporte coletivo é principal opção para os moradores
Sem metrô, trens ou barcas diretas, São Gonçalo depende basicamente dos ônibus. Os principais acessos rodoviários são a BR-101 e a RJ-104, e muitos trabalhadores precisam passar por Niterói para chegar ao Rio de Janeiro, onde estão concentradas as principais oportunidades de emprego.
O tempo de deslocamento é um dos principais desafios:
- 33,1% dos moradores levam de 30 minutos a 1 hora;
- 31,1% gastam de 6 a 30 minutos;
- 26,4% enfrentam de 1 a 2 horas de viagem;
- 4,9% demoram mais de 2 horas;
- Apenas 3,2% têm deslocamento de até cinco minutos.
Esses números mostram como a mobilidade urbana em São Gonçalo ainda é um desafio diário para milhares de trabalhadores.
Tarifa de ônibus e custo para o trabalhador
O aumento do preço das passagens agrava a situação. A tarifa municipal deve subir para R$ 5,94 ainda neste mês. Já os ônibus intermunicipais, que ligam São Gonçalo ao Rio, custam R$ 8,55 por passagem.
A segunda opção mais usada pelos gonçalenses é o carro particular (19%), enquanto táxis e aplicativos de transporte não foram contabilizados pelo IBGE.
Com a ausência de opções de transporte de massa, o uso de ônibus se torna inevitável, impactando diretamente no orçamento das famílias e na qualidade de vida dos trabalhadores.
Promessas antigas e possíveis soluções
Há anos, moradores e especialistas defendem a criação de uma ligação por barcas entre São Gonçalo, Niterói e o Rio de Janeiro, proposta apoiada pela Prefeitura, mas que depende da execução do Governo do Estado.
Outra promessa histórica é a Linha 3 do Metrô, planejada para ligar a estação Carioca (Centro do Rio) ao bairro de Alcântara (São Gonçalo), atravessando a Baía de Guanabara por um túnel subaquático.
Um estudo do Instituto Rio Metrópole (2023) indica que:
- O trajeto atual entre São Gonçalo e a Praça XV leva, em média, 118 minutos;
- Com o metrô, o tempo cairia para 41 minutos.
Mesmo com a grande demanda, a obra segue sem previsão de início.
Projetos de mobilidade em andamento
Enquanto os grandes projetos não saem do papel, a Prefeitura de São Gonçalo trabalha em faixas exclusivas e corredores viários para ônibus.
Uma alternativa de curto prazo é a implantação de um sistema BRT (Bus Rapid Transit) na RJ-104, que liga Niterói a Itaboraí.
O projeto beneficiaria milhares de trabalhadores de São Gonçalo e Itaboraí que se deslocam diariamente para o eixo Niterói–Rio.
De acordo com especialistas, o BRT pode reduzir consideravelmente o tempo de viagem, especialmente nos horários de pico.
Conclusão
Os dados do IBGE reforçam o papel central do transporte público em São Gonçalo e evidenciam a necessidade urgente de investimentos em mobilidade urbana.
Com tarifas elevadas e deslocamentos longos, a população segue aguardando soluções concretas como o metrô, barcas ou BRT, capazes de melhorar a qualidade de vida e reduzir o tempo de trajeto.
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