Ayrton Senna deixou um legado na Fórmula 1 após sua morte
Em conversas de amigos e familiares que assistiam, nas manhãs de domingo, às corridas de Fórmula 1 por causa de Ayrton Senna, é comum todos comentarem onde estavam e como foi o impacto com a morte do ídolo, naquele 1º de maio de 1994. Os depoimentos têm sempre uma grande carga emotiva como se Senna fosse até um parente próximo. Documentários da Netflix e do Globoplay também lembram a trajetória do piloto nesta data de 30 anos após sua morte.
O assistente administrativo Alcemir de Lima de Rosa, de 48 anos, relatou que estava em casa assistindo à corrida. “Foi algo inacreditável, aconteceu algo que ninguém imaginava. Achei que ele fosse sair vivo dessa, teria alguma chance”, relatou.
Em seguida, ele comentou sobre os ensinamentos deixados pelo ídolo. “Foi um dia que marcou muito, pela pessoa que ele era, não só pelo piloto de Fórmula 1, mas porque ele era uma pessoa exemplar, de caráter, simples, coração enorme. Ee tinha um objetivo de vida e ensinava a gente a correr atrás dos nossos sonhos e objetivos. Então foi uma perda terrível”, completou.
A carioca Teresa Soraia, 62 anos, afirmou que estava “como todo brasileiro” fixado na tela da televisão assistindo à corrida em casa.
“Eu estava de frente para a tela. Galvão Bueno não se contia, dentro do que ocorria. Ele estava em choque. Não só ele, como todos os brasileiros, mas quando a cabeça dele pendurou, a gente já sabia o que tinha acontecido”, afirmou a aposentada.
Teresa afirmou sobre os legados que Senna deixou no Brasil no mundo. “É o nosso ídolo que se foi, mas deixou o seu legado. Deixou a sua marca, sua referência. E que fez colocar à frente toda uma necessidade de proteção junto à Fórmula 1. Ele ficou sendo uma referência diante dessas mudanças todas. E é reverenciado pelo mundo inteiro, não só pelo Brasil. Mas a gente é muito presenteado e muito feliz por ter tido ele. A pessoa que melhor representou a bandeira do Brasil no mundo”, declarou.
O gaúcho Edson Iabel, de 76 anos, encontrou com o piloto de Fórmula 1 no aeroporto. Além disso, ele ainda retirou sua mala ao lado de Senna, sem conhecer o atleta.
“Eu saí do avião e fui em direção às esteiras para pegar as malas. Estava viajando com um grupo de músicos, quando fui pegar o violoncelo. Ele disse ‘toma todo cuidado com isso’ e me ajudou a botar o instrumento dentro do carrinho. Depois disso, agradeci e, quando ele pegou suas malas, comecei a ouvir uma gritaria, parecia gol do Flamengo ou do Internacional”, comentou o aposentado.
Foi nesse momento, de acordo com o Iabel, que o um agente da Polícia Federal que estava no aeroporto, sinalizou para um colega que era o “campeão lá”. “Quando eu vi, o aeroporto inteiro estava lá, esperando por ele. E não tinha nem ideia de quem era ele”, afirmou Edson.
O aposentado, que atualmente mora no Rio de Janeiro, comentou que estava em sua antiga casa, em Porto Alegre, assistindo à corrida e, na época, o irmão dele afirmou que Senna tinha morrido na hora da batida.
Alcemir de Lima de Rosa, fã de Ayrton Senna
Homenagem ao piloto na Praia de Copacabana
Homenagem ao piloto na Praia de Copacabana
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Acidente trágico
Ayrton Senna morreu aos 34 anos, após seu carro colidir com uma barreira de concreto, durante o Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália.
Durante sua carreira, o piloto era apontado como um fenômeno da Fórmula 1. Após sua morte, o atleta foi eternizado como um dos maiores pilotos da categoria de todos os tempos.
Galvão e a amizade com Senna
Galvão Bueno conheceu o piloto no começo da carreira promissora de Senna. O narrador contou 35 das 41 vitórias do amigo para todo o Brasil, chegando a ajudar o atleta como um irmão mais velho e sentiu sua perda, principalmente por ter narrado seus últimos momentos de vida.
Após 30 anos, o narrador ainda guarda lembranças marcantes da amizade que teve com Senna ao longo de sua vida.
“Senna morreu no sofá da casa das pessoas que estavam assistindo a corrida. É sempre muito difícil ver isso. Mexe muito comigo. Mas eu juro que eu tinha certeza de que ele sairia do carro”, afirmou Galvão, em entrevista para o programa “Domingo Espetacular”, da Record TV.
Em outro momento da entrevista, Galvão relata uma conversa que teve com Frank Williams, fundador e dirigente da equipe de Fórmula 1 Williams, na véspera da corrida.
“A Betise (Assumpção, ex-assessora de imprensa de Senna) me chamou e disse que o Frank Williams queria falar comigo”. “‘Mr. Williams, estou aqui’”, disse Galvão. “‘Quero te fazer uma pergunta: você acha que ele vem correr amanhã?’”, teria perguntado o fundador da equipe. “‘Eu disse: Mr. Williams, para mim é uma surpresa o senhor me perguntar isso, mostra que o senhor não conhece o Ayrton. Ele vem e vai ganhar”.
Vale ressaltar, que naquele final de semana em Ímola, na Itália, o clima não estava calmo. No dia 29 de abril de 1994, Rubens Barrichello bateu forte durante os treinos e foi hospitalizado. Já no dia 30, Roland Ratzenberger morreu após um acidente grave. Desta forma, não havia certeza por parte dos pilotos quanto à segurança da pista.
Senna e Galvão eram grandes amigos e viviam juntos em Angra dos Reis nas férias
Em outra entrevista, desta vez para o “Programão de Sábado”, da TV Rio Sul, afiliada da Rede Globo nas regiões Sul e Centro-Sul Fluminense, Galvão também contou sobre sua amizade com Senna.
“Senna foi um grande amigo, um irmão, um gênio nas pistas, um grande brasileiro e tenho muita saudade dele”. Em seguida ele completou dizendo: “Eu tive que fazer um heliporto na minha casa pra que ele descesse […] Nós jogávamos tênis, ele tomava duas águas de coco, a gente batia mais um papo e ele voltava pra casa. Isso era uma coisa quase que diária quando estávamos lá de férias”.
A amizade dos dois começou no ano de 1982, após uma vitória do piloto em uma corrida: “Ele ganhou a corrida e veio para a entrevista de imprensa e disse assim: ‘O senhor é o Seu Galvão Bueno?’ Eu disse ‘Senhor a parte sou eu’. Ele falou: ‘pois eu sou o Ayrton Senna da Silva, muito prazer. O senhor ainda vai narrar muitas vitórias minhas na Fórmula 1’.” , disse Galvão Bueno.
Os documentários
Após as primeiras imagens e o teaser de “Senna”, minissérie da Netflix, que irá contar a história do piloto brasileiro, serem divulgadas nesta terça-feira (30), confira outros documentários que relatam um pouco da vida do atleta sob outros ângulos.
“Senna por Ayrton” (2024)
Esta série documental produzida pelo Globoplay será lançada nesta quarta (1º) para marcar os 30 anos da morte do piloto brasileiro. O documentário foi elaborado pelo Núcleo de Documentários do Esporte da TV Globo e promete contar a história de Senna em primeira pessoa, com o auxílio de imagens de arquivo.
“Senna 30 Anos: O Dia que Ainda Não Terminou” (2024)
Produzido por Roberto Cabrini para o PlayPlus e a Record TV, este programa especial marca os 30 anos da morte de Ayrton Senna. Cabrini acompanhou a carreira do tricampeão mundial, inclusive indo ao hospital para onde Senna foi levado após o acidente no GP de San Marino de 1994. O programa inclui imagens do arquivo pessoal de Cabrini e momentos inéditos de Senna, disponíveis no PlayPlus.