O motorista do ônibus da linha 4425-D (Alcântara-Campo Grande), da Viação Mauá, relatou momentos de puro desespero e medo durante o assalto da manhã desta quinta-feira (9). Emocionado, ele falou sobre o desejo de somente pensar em retornar para casa e abraçar o filho autista. O assalto ocorreu na altura da Cidade Alta, quando três criminosos embarcaram e aterrorizam as 16 pessoas presentes no coletivo.
A preocupação com a família ficou evidente durante o relato. “Tenho um filho autista. Só queria voltar para casa e abraçar meu filho”, disse ele, com a voz embargada.
“Entraram de maneira truculenta, agredindo os passageiros, deram tiro dentro do carro, deram coronhada. Lá atrás, uma passageira passou muito mal e precisou ser levada ao Hospital Geral de Bonsucesso”, relatou o motorista, que chorava no momento da entrevista.
O condutor do ônibus, que preferiu não se identificar e ter sua imagem perservada, descreveu o clima de tensão dentro do veículo.
“Foi rápido, mas turbulento. O tempo todo estávamos sob ameaça. Falaram que iam atirar na minha barriga, deram um tiro pro alto, como quem diz ‘o poder está comigo’. Era só gritaria”, contou.
Apesar de ter dois anos de experiência como motorista na empresa, essa foi a primeira vez que ele enfrentou uma situação tão crítica.
“A empresa faz o que pode, mas segurança é dever do Estado. E o Estado está falhando há muito tempo. Não sei o que estão esperando para agir”, indignou-se.
Um dos passageiros, que mora no bairro de Alcântara, em São Gonçalo, disse que estava dormindo e foi acordado no susto por um dos criminosos.
“Estava seguindo para o trabalho, e como de costume, estava dormindo quando um dos criminosos me acordou no susto e pediu o meu celular. Apesar dele levar o aparelho, eu agradeço por estar vivo”, avaliou.
O assalto terminou com os criminosos levando os pertences das vítimas e desembarcando na altura da Ilha do Governador.
O caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso), onde os passageiros e o motorista prestaram depoimento.