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Na Virada Cultural, Pabllo Vittar pede que deixem gays, lésbicas e travestis viverem

GUILHERME LUIS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nunca se viu uma mãe com tantos filhos. A legião de fãs de Pabllo Vittar vê a cantora como uma figura materna, e, por isso, tantos berravam seu nome, ansiosos pela cantora no Vale do Anhagabaú, em São Paulo. Ela coroou a Virada Cultural com um show em plena madrugada, um dos mais aguardados desta edição do evento.

Alguns esperneavam também -Pabllo atrasou 40 minutos e os mais impacientes vaiavam o palco vazio. Mas nada que tenha atrapalhado a empolgação quando a drag queen surgiu, vestida de vermelho e cor-de-rosa, cantando “Pra Te Esquecer”.

A faixa, lançada em 2003 pela antiga banda de Joelma, foi regravada por Pabllo para seu novo disco “Batidão Tropical Vol. 2”. Joelma, aliás, havia passado pelo mesmo palco da Virada horas antes, com um show que fez o público ferver, mas que a drag não chegou a tempo de ver.

Pabllo recebeu a reportagem em seu camarim minutos antes do show. Afirmou estar agradecida à prefeitura de São Paulo pelo convite à Virada. Ela vai receber R$ 357 mil de cachê.

Nesta semana, Ivete Sangalo e Ludmilla, colegas de Pabllo, cancelaram suas próximas turnês. Um dos motivos apontados pela produtora responsável pelo show e por especialistas do mercado de eventos foi a suposta baixa demanda pelas apresentações, que teriam vendido poucos ingressos.

“É muito importante que a prefeitura bote a cara mesmo e faça esses eventos [gratuitos]”, diz Pabllo. “Ainda mais sabendo como é a vivência dos meus fãs. Muitos deles não têm tempo ou condições financeiras de bancar ingresso de show.”

Na Virada, Pabllo enfileirou hits. Fez o público pular ao som de “Seu Crime”, dançar coladinho com “Disk Me” e se esgoelar com “Amor de Que”. A plateia se empolgou até com as faixas do disco mais recente, que reúne versões de canções de tecnobrega e forró, famosas no Norte e no Nordeste do país, mas não tão grandes em São Paulo.

Houve espaço para discursos políticos também. “Minhas gays, sapatões, travestis, transexuais e pessoas não binárias”, ela
cumprimentou o público no começo do show, lembrando que na sexta-feira foi celebrado o dia internacional da luta contra a homofobia. “Nos respeitem, nos amem e nos deixem viver.”

Depois, no meio do show, Pabllo interrompeu uma música para pedir que policiais cobrissem uma integrante da comunidade LGBTQIA+ que estava sendo retirada à força, com o tronco desnudo.

“Galera dos guardas, tem muita gente da comunidade LGBTQIA+ aqui. Se forem tirar alguma mulher trans ou travesti, não deixem ela sair com os seios de fora. Imaginem se fosse sua filha”, disse a cantora no microfone.

“E ‘bora’ dançar?”, ela disse logo em seguida, fazendo sumir qualquer mal estar. Terminou o show no alto com “K.O.”, seu maior sucesso, e “Ultra Som”, um tecnobrega futurista pop que representa bem a carreira de Pabllo Vittar.

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