SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um policial atirou em uma mulher que usava um hijab, o véu islâmico, e teria feito ameaças nesta terça-feira (31) em uma estação de metrô em Paris, na França. Ela foi hospitalizada em estado grave.
Testemunhas disseram que a mulher gritou “vocês todos vão morrer” e “Allahu akbar” (Alá é grande, em árabe). Os policiais foram acionados e exigiram que ela mostrasse as mãos, mas, segundo autoridades, a ordem foi ignorada. “O que aconteceu, então, foi que os agentes não tiveram outra opção senão abrir fogo, dado o perigo da situação”, afirmou o porta-voz do governo, Olivier Veran.
Informações preliminares apontam que a mulher já havia sido fichada pela polícia em 2021, após ameaçar agentes que participavam da operação antiterrorista Sentinelle. Ela também teria sido internada em uma enfermaria psiquiátrica por problemas de saúde mental. As autoridades não divulgaram a identidade dela.
O Corpo de Bombeiros, que prestou atendimento de emergência à mulher, disse que ela foi atingida na região do abdômen. Veran disse que os agentes abriram duas linhas de investigações, uma contra a mulher, devido a comportamentos agressivos, e outra para apurar o uso de armas pela polícia. As autoridades não disseram quantos tiros os agentes dispararam -a mulher não portava armamentos.
O incidente ocorreu na estação de metrô Bibliothèque François-Mitterrand, que foi esvaziada. A França está em estado de alerta desde que um professor foi esfaqueado e morto, no último dia 13, na cidade de Arras. Segundo a polícia, o criminoso é de origem tchetchena e já era conhecido por órgãos de segurança pelo envolvimento com o islamismo radical. Ele teria gritado “Allahu akbar” antes do crime.
A Procuradoria Nacional Antiterrorismo da França investiga se o atentado tem ligação com organizações terroristas, já que aconteceu em contexto de escalada das tensões entre as comunidades judaica e muçulmana na França, devido à guerra entre Israel e Hamas, iniciada no dia 7.
Desde então, os alertas de bomba multiplicaram-se em escolas, aeroportos e locais turísticos de todo o país, incluindo o Palácio de Versalhes, que também tiveram de ser esvaziados nos últimos dias. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, afirmou que ao menos 18 pessoas foram detidas sob a suspeita de envolvimento nos episódios.
A França lida com ataques terroristas pelo menos desde 2015, quando dois homens invadiram o jornal satírico Charlie Hebdo e deixaram 12 mortos, incluindo alguns dos chargistas mais célebres do país.