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James Webb registra kilonova, explosão extremamente rara

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Graças ao telescópio espacial James Webb, da Nasa, pesquisadores conseguiram observar uma kilonova, ou seja, a explosão causada pela fusão de uma estrela de nêutrons com um buraco negro ou com outra estrela do tipo. Por sinal, uma explosão de raios gama, produto da fusão, excepcionalmente brilhante.

Esse tipo de fusão atrai a atenção da astrofísica, entre outras coisas, pelo potencial de ser um local de formação de elementos pesados. Além do brilho em si, os cientistas conseguiram detectar telúrio.

“O Webb fornece um impulso fenomenal e pode encontrar até mesmo elementos mais pesados”, disse, à Nasa, Ben Gompertz, coautor do estudo na Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

O registro, que virou uma publicação na revista Nature, nesta quarta-feira (25), teve a participação dos telescópios espaciais James Webb e Fermi Gamma-ray e do Observatório Neil Gehrels Swift.

A explosão de raios gamas -nomeada de GRB 230307A (GRB é a sigla, em inglês, para gamma-ray burst)- é notável, segundo os pesquisadores. A explosão, detectada em março pelo telescópio Fermi, é cerca de mil vezes mais brilhante que um caso típico costumeiramente observado pelo Fermi e a segunda mais brilhante, em mais de 50 anos de observação.

A duração do fenômeno -200 segundos- também chamou a atenção.

Kilonovas são muito raras e, consequentemente, eventos de difícil observação. As explosões curtas de raios gama, em geral, duram menos de dois segundos. Já as explosões longas, usualmente, estão associadas à morte de uma estrela massiva e podem durar minutos.

Curiosamente, as duas estrelas de nêutrons que provocaram a kilonova têm sua origem bem distante do local de onde se fundiram. Elas foram jogadas para fora de sua galáxia originária que fica a cerca de 120 mil anos-luz de distância, um valor equivalente ao diâmetro da Via Láctea.

Em sua galáxia de origem, elas eram duas estrelas massivas que formavam um sistema binário. As duas eram gravitacionalmente unidas e partiram juntas. O primeiro lançamento para fora da galáxia esteve associado à explosão de uma delas em uma supernova, seguida pela sua transformação em uma estrela de nêutrons; depois, a segunda fez o mesmo.

A fusão das duas estrelas de nêutrons veio várias centenas de milhões de anos depois do lançamento para fora da galáxia originária.

Os cientistas dizem esperar acha mais kilonovas no futuro, graças ao trabalho complementar entre telescópios espaciais e terrestres.

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